A cirurgia mamária engloba intervenções que incluem: o aumento mamário, a redução e a elevação das mamas, assim como o tratamento de alterações congênitas, condições essas que podem afetar a autoestima e o conforto das pacientes. O termo Mamoplastia designa genericamente a cirurgia plástica das mamas, sendo que pode essa ser uma Mamoplastia de aumento com inclusão de implantes de silicone, uma Mamoplastia Redutora, quando há uma mama de volume aumentado que gera repercussões a vida da paciente, pode ser que na Mamoplastia seja feita redução, reposicionamento de tecidos e utilização de implantes, o que chamamos de Mastopexia.
Há uma diversidade de técnicas para cirurgia mamária, sendo que a escolha da técnica é uma decisão crucial, que depende da avaliação médica minuciosa e das necessidades específicas de cada paciente. Essa diversidade de cirurgias mamárias exige que os médicos estejam amplamente informados e atualizados à cerca da ciência atual, para que possam oferecer o melhor tratamento possível, após uma avaliação detalhada da paciente, considerando suas queixas e expectativas, o médico pode determinar a técnica mais adequada para cada caso.
Neste contexto, nosso objetivo é debater de forma rápida, direta e as principais abordagens cirúrgicas da mama. Discutiremos as vantagens, as limitações e os detalhes de cada técnica, proporcionando uma visão abrangente desses procedimentos tão impactantes na vida das pacientes.
Sobre a avaliação e primeira consulta
Durante a primeira consulta, recebo a paciente, ouço sua queixa e realizo um exame físico minucioso, para firmar um diagnóstico do padrão de mama, que pode revelar diversas condições.
Um diagnóstico comum é a hipomastia, onde as mamas são consideradas pequenas. Esta condição pode ser de origem genética ou resultante de mudanças no corpo, como emagrecimento ou gestações, que afetam a composição de gordura e tecido glandular, que compõe a mama.
A ptose mamária, ou “mama caída”, é outra condição identificada, caracterizada pelo mau posicionamento das estruturas da aréola e da papila (“bico”), que podem assumir posições abaixo do sulco inframamário. A ptose pode ocorrer também pelas mudanças do corpo da paciente, sendo pela capacidade elástica da pele não acompanhar tais mudanças, gera-se flacidez e alteração no formato mamário. Já a hipertrofia mamária, caracteriza-se por mamas com volume consideravelmente grande, o que implica em repercussões estéticas e funcionais para a paciente.
Por fim, dentre as alterações genéticas, que vem desde o nascimento da paciente, a condição mais comum é a chamada mama tuberosa, na qual, devido as alterações estruturais a mama assume um formato tubular, por vezes assimétrico, com volume aumentado ou diminuído, de modo que o diagnóstico preciso é determinante para o tratamento adequado.
Que cirurgia é esta?
Também chamada popularmente de “prótese de silicone”, na verdade corresponde a técnica de aumento do volume mamário nos casos de hipomastia, realizada em maior parte dos casos pela inserção de implante mamarias com silicone coesivo, mais recentemente o enxerto de gordura extraído da própria paciente tem sido utilizado como técnica auxiliar, recebendo a denominação de Mamoplastias “hibrida” , nestes casos a gordura obtida realça o contorno medial, visto como o decote e também suaviza o polo superior.
NOVIDADE!!
Avanços recentes puseram a lipoenxertia com uma das possibilidades para o aumento mamário em relação ao uso de implantes. Este procedimento envolve a transferência de gordura de outras partes do corpo para as mamas, permitindo uma modelagem mais detalhada, especialmente útil na definição do decote, vem ganhando cada vez mais força e espaço no meio científico.
Quem pode fazer este procedimento?
Procedimento está bem indicado para pacientes com hipomastia e sem ou mesmo quase nenhuma flacidez de pele.
Como é feita a escolha dos implantes?
Na escolha do implante, realizamos uma avaliação criteriosa, com base em critérios defendidos pela ciência, levando em consideração do desejo da paciente, mas trazendo sempre as evidências para priorizar a segurança e um resultado satisfatório.
Através de uma adaptação dos parâmetros descritos por Tebbettes, realizamos a aferição das medidas do tórax e da mama da paciente para assim escolhermos o volume mamário, a projeção e o formato do implante. Em geral, evitamos a projeção extra alta, utilizando projeções alta e moderada, além disso nos casos de aumento simples, é importante a escolha correta do formato do implante, pois, nem sempre os de formato redondo serão os mais apropriados, implantes de formato anatômico, chamado “em forma de gota”, tem sim espaço de uso, com resultados de projeção e formato bastante interessantes, cito os casos nos quais o complexo aréolo-papilar está posicionado inferiormente a posição desejada que é de 5,5 até 6,0 cm do sulco inframamário, nesses casos um implante de Formato anatômico deve ser a escolha, como demonstrou a Professora Talita Franco em sua casuística (2001).
Como a cirurgia é realizada?
Ainda na consulta inicial, após definição do tratamento de Mamoplastia de aumento, oriento a paciente sobre o uso de implantes mamários de silicone para volumização, sendo que esses implantes, em nossa rotina são inseridos através de pequenas incisões – “cortes” – no sulco, medindo de 3,5 a 5 cm de extensão. O plano de inserção, ou seja, posição do implante, em minha rotina é o plano Subfascial, no qual o implante permanece acima do músculo peitoral, mas abaixo da glândula mamaria, envolvido pela fáscia muscular, uma camada fibrosa que reveste o músculo, sendo um “meio-termo” entre os planos tradicionais, com diversas vantagens, tais como: revestimento seguro para o implante, mínimas chances de palpabilidade do implante.
IMPORTANTE!!!
Nos casos de Mamoplastia secundária, nos quais será realizada troca do implante, pode haver certo nível de dificuldade para conseguir manter a fáscia muscular íntegra, podendo ser necessária a inserção do implante em plano dual.
Que cirurgia é esta?
Trata-se de um procedimento cirúrgico que pode ser indicado para tratar a ptose da mama, pelo excesso de flacidez, pode ainda ser a técnica de escolha em casos de redução mamária. Promove o remodelamento da mama deixando-a mais harmônica em relação ao padrão estético atual, com uma cicatriz final que poupa a região central da mama, permanecendo a cicatriz vertical e horizontalmente apenas na lateral do sulco, deixando o decote livre de cicatrizes, o que dá a paciente a liberdade de utilizar roupas de banho e vestimentas mais ousadas livremente, com ganho real em autoestima e autoconfiança. Pode ser realizada com utilização ou não de implantes de silicone, sendo ideal para os casos de ptose, e guardamos ressalva apenas nos casos em que serão realizadas grandes reduções mamárias, quando optamos pelas técnicas tradicionais com cicatriz final em T invertido.
Como a cirurgia é realizada?
Ainda na consulta inicial, após definição do diagnóstico de ptose mamária, esta é a técnica que preferimos, pelos motivos citados, para casos de hipertrofia mamária, ela também pode ser realizada, com a ressalva as hipertrofias severas, que como citado opto pela tradicional técnica descrita por Pitanguy, com cicatriz final em formato de T invertido, sendo em minha rotina a minoria dos casos, pois, conseguimos na grande maioria dos casos realizar a mamoplastia com cicatriz reduzida.
IMPORTANTE!!!
Nos casos em que, a pedido da paciente, que deseja realizar a plástica mamária sem implantes de silicone, realizamos, em associação, a técnica dos “Retalhos Cruzados”, retalhos dermolipoglandulares baseados lateralmente e medialmente, que confeccionamos e fixamos no lado contralateral do polo superior da mama, o que confere uma boa projeção, e ao final realçamos o contorno com enxerto de gordura.
Durante a execução desta técnica cirúrgica, a identificação da fáscia muscular é facilitada, ao ser identificada lateralmente, corroborando para nossa prática de inserção de implantes em plano subfascial, além de ser possível tratar o excedente mamário lateral, queixa frequente das pacientes, e que pode ser mais demandante nos casos em que outras técnicas são utilizadas.
IMPORTANTE!!!
Para auxiliar na harmonia, realizamos a lipoenxertia, as chamadas “Cleave Lines” ou linhas do decote, que além de auxiliar na definição do contorno mamário, promove a longo prazo um realce específico da porção central pela deposição de hemossiderina, além disso realizamos no polo inferior o técnica do “Sutiã interno”que fornece maior sustentação ao implante mamário retardando a deflação e perda do contorno.
Entendendo o que são Mamas Tuberosas…
A mama tuberosa é uma rara alteração congênita na mama da mulher, que se inicia no início do desenvolvimento da puberdade. As mamas desenvolvem-se com um aspecto de um tubo, no geral as mamas dessas pacientes apresentam-se com uma grande variedade de apresentações, podendo ter volume diminuído, normal, serem simétricas, ou mesmo assimétricas, com uma das mesmas mais próximo do padrão dito normal. Sua causa ainda não é bem conhecida, e devido a uma pluralidade de apresentações sua incidência e prevalência exatas são desconhecidas em decorrência do subdiagnóstico e da ausência de correlação clínica em casos de assimetria mamária, nos quais o aspecto assimétrico se sobressai em relação ao diagnóstico de Mama Tuberosa.
A Mama Tuberosa surge devido à presença de um tecido fibroso em forma de anel na base da mama, localizado abaixo da aréola. Esse anel impede o desenvolvimento mamário adequado durante a puberdade, resultando em um crescimento direcionado da mama em direção à aréola. Os principais traços dessa condição incluem um formato tubular da mama, com o sulco mamário posicionado mais alto e uma aréola aumentada.
Impacto na Autoestima:
Adicionalmente, mulheres com Mama Tuberosa frequentemente enfrentam desafios emocionais, especialmente durante a adolescência. Portanto, a deformidade pode abalar a autoestima, tornando a preparação para a cirurgia um passo fundamental para estabelecer expectativas realistas quanto ao tratamento. O papel do psicólogo com uma paciente portadora de mama tuberosa é essencial para trabalhar as questões emocionais e de autoestima, com foco no trabalho das habilidades sociais para evitar transtornos depressivos.
Diagnóstico:
O diagnóstico é essencialmente clínico. Através do exame físico, tanto na inspeção, onde o formato mamário chama a atenção, indo até a palpação na qual é possível identificar as constrições e atrofia em polo inferior. Apesar da variedade de morfologias, algumas características parecem ser bastante frequentes nessa condição, seriam: presença de constrições no tecido mamário, polo inferior reduzido, sulco posicionado superiormente e aréolas com diâmetro alargado.
No diagnóstico da mama tuberosa, vem o papel do cirurgião plástico, uma vez que a paciente chega ao consultório com queixa estética da mama, porém raramente traz consigo uma suspeita como esta, de modo que realizado o diagnóstico com exatidão, há grandes chances de um melhor planejamento cirúrgico, visto que a Mama Tuberosa é uma condição desafiadora para o cirurgião, e possui demandas especificas que precisam ser sanadas no ato operatório para que se aumente as chances de resultados satisfatórios e uma melhor simetria entre as mamas.
Como a cirurgia é realizada?
No que diz respeito ao procedimento de correção, a cirurgia da Mama Tuberosa visa remodelar a mama para obter uma aparência mais natural. Isso envolve a redução do diâmetro da aréola, o reposicionamento do sulco mamário e a reorganização do tecido mamário. Além disso, o procedimento utiliza incisões de relaxamento no interior da mama para acomodar o implante, deslocando o sulco inframamário. Na maioria das vezes são utilizados implantes mamários, que podem ter formato redondo, porém implantes anatômicos encontram-se bem indicados em muitos casos, não há obrigatoriedade de inserção em plano submuscular, sendo implantes de projeção moderada com base larga a escolha mais adequada.
Para cada paciente o tratamento será individualizado, pois é necessário identificar a demanda de cada mama, para planejar o procedimento reparador, e outro fator a ser citado, pois a paciente deve ser advertida, que em certos casos podem ser realizadas técnicas distintas em cada mama, de modo que por exemplo, em uma mama realizar uma mamaoplastia de aumento, e na mama contralateral uma mamoplastia com cicatriz vertical, de modo que ao final as mamas terão cicatrizes diferentes. Para entender melhor sobre o tema, desconhecido por muitos, separei uma leitura complementar que vale a pena:
http://www.rbcp.org.br/details/1218/pt-BR/tratamento-de-mamas-tuberosas-com-incisoes-combinadas
Sobre o pós-operatório da cirurgia de mama…
Utilizamos um rígido protocolo de compressão e sustentação, com sutiãs modernos, além de órteses de material compressivo macio e efetivo na região axilar, central, superior e inferior da mama. No intraoperatório fazemos knesiotapping, cujos benefícios são unânimes, e iniciamos a manipulação de tecidos no dia posterior, focando na liberação miofascial, removendo pontos de tensão e nódulos musculares, que possam impedir a mobilidade dos membros, nosso grande objetivo, uma vez que por essa metodologia a paciente já ergue os braços no dia seguinte ao procedimento, podendo ela mesa realizar seus cuidados de higiene.
Para cirurgias de Mastopexia e Mamoplastia redutora, que tratam a aréola, temos um protocolo de compressão e medicamentos, além da indicação de oxigenioterapia hiperbárica, para que sejam minimizadas complicações com o resultado da aréola e da papila mamaria.
Como nos demais procedimentos realizamos um sistema de gerenciamento de cicatriz, um conceito moderno que envolve medidas para obtermos uma cicatriz estética ao final do processo cirúrgico, engloba o curativo especial que utilizamos nas três primeiras semanas, os produtos tópicos desenvolvidos por mim durante minha formação acadêmica, que constroem a linha “Na Pele: Skin energey”, e ainda medidas de educação da paciente por meio de materiais como e-books, nos quais ressaltamos condutas que elas devem assumir como corresponsáveis pelo seu resultado.